O primeiro transporte público de carreira em Portugal começou em 1798, tendo sido criado a partir de um Alvará intitulado “Instrução para o Estabelecimento das Diligências entre Lisboa e Coimbra” e mais tarde, a partir de meados do século XIX, foi alargado o sistema até ao Porto e outras localidades. A estas carreiras chamava-se Mala-Postas, sendo que “Mala” se relaciona com os conceitos de caixa, saco ou outros receptáculos portadores de objectos e o termo “Posta” vem de postal, ou seja a actividade de processamento e transporte de correio. Por extensão o termo Mala-Posta passou a designar as diligências de correio e passageiros.
O percurso da Mala-Posta fazia-se três vezes por semana entre Lisboa e Coimbra, estendendo-se numa fase posterior até ao Porto e outras localidades. Tinham horário estabelecido e era cumprido em pormenor. Como o serviço era de utilidade pública e gozava da protecção real e dos governos foi decidido, tendo em vista a economia de meios, alargar este transporte a passageiros, estudantes ou homens de negócios que precisassem de se deslocar entre a capital (mais propriamente o Carregado, já que até ali passou a fazer-se a viagem de barco, pelo Tejo) Coimbra e Porto. Porém, mesmo aliando o transporte de correio ao de passageiros a actividade mostrou-se muito dispendiosa e veio a ser cancelada.
Este transporte encerrou em 1804, foi retomado pontualmente e relançado em 1852 com a política fontista (de Fontes Pereira de Melo) à época do Partido e movimento Regenerador. A carreira de Lisboa-Coimbra-Porto implicava oito cavalos em trânsito (quatro em cada diligência) e vários outros em descanso para substituir os equídeos cansados.
A substituição dos cavalos fazia-se em edifícios, chamados Estações-de-Muda construídas à beira das novas estradas construídas com a técnica de Mac Adam. Os edifícios das Estações-de-Muda obedeciam ao conceito de arquitectura funcional das antigas Estações da Mala-Posta do Império Romano. Além da muda, isto é, troca dos cavalos as Estações-de-Muda serviam para o intercâmbio de malas de correio. As mais centrais serviam refeições aos passageiros e nelas pernoitavam.
Nesta actividade da Mala-Posta revê-se todo um mundo pitoresco e carregado de histórias, entre elas, as histórias dos salteadores “amigos” do alheio ou mesmo por questões políticas à mistura com um certo romantismo. Histórias estas que se cruzam com as vidas dos célebres José do Telhado, Remexido e outros.
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